...... para sempre, o que o deixa aterrorizado. É por
isso que ele a abandona. Você não consegue entender, mas, se
servir de consolo, considere que ele provavelmente também não
compreende as próprias reações. Só sabe que um relacionamento
mais sério lhe causa grande desconforto e ansiedade.
O pior é que esse homem está em busca do amor, e é por isso
que ele a conquista. A insistência dele e as comoventes demonstrações
de vulnerabilidade a convencem de que é seguro entregar-
-se. Mas como o medo do compromisso é excessivo, ele acaba sabotando,
destruindo ou fugindo de qualquer relação boa e sólida. Em
outras palavras, se o medo dele for muito intenso, o homem com
fobia a compromisso não conseguirá amar, por mais que queira.
E você fica para trás com sonhos desfeitos e a auto-estima destruída.
O que aconteceu? O que deu errado? E por que isso se
passa com tantas mulheres?
“Um dia ele disse que éramos perfeitos juntos.
No dia seguinte não apareceu. Por quê?”
Jamie tinha acabado de completar 28 anos quando conheceu
Michael. Apesar de não ter namorado, ela estava bastante satisfeita.
Tinha começado a trabalhar em um novo emprego, como
assistente administrativa de uma companhia de balé, morava num
belo apartamento alugado e tinha dinheiro extra suficiente para
se divertir. Quando foi apresentada a Michael numa festa, ele disse:
“Acho que vamos nos dar muito bem.”
Jamie não gostou do jeito direto dele e o evitou pelo resto da
noite, mas ao chegar em casa ouviu sua voz na secretária eletrônica
perguntando se estava livre para tomar o café da manhã com
ele no dia seguinte. Apesar de Michael ser um homem atraente,
Jamie ignorou o convite por achá-lo arrogante demais.
No dia seguinte, quando o telefone tocou, Jamie atendeu. Era ele.
“Que tal jantarmos hoje?” Ela respondeu que não podia. E então,
receando estar sendo indelicada, começou a bater papo com ele.
Acabaram conversando por 15 minutos. Ela não se lembra do que
falaram, e sim que foi divertido e ela ficou sabendo que ele era
redator de publicidade e que ganhava muito bem.
“Pensei muito durante a semana, me perguntando se não tinha
cometido um erro deixando de sair com ele, pois, afinal, eu não
vivia rodeada de homens bonitos implorando para me levar para
jantar – eu não saía com ninguém havia seis meses. Cheguei à
conclusão de que eu estava sendo muito exigente. No sábado,
fiquei em casa assistindo à TV e senti pena de mim mesma”,
conta Jamie.
Como muitas mulheres, Jamie temia estar jogando fora sua
última chance no amor. Por isso, quando Michael telefonou na
quarta-feira seguinte, ela aceitou o convite e eles saíram para jantar.
Ele a surpreendeu, expondo sua vida e mostrando-se curioso
a respeito dela. A sensibilidade dele era tocante. Contou que sua
última namorada estava mais interessada na carreira do que nele.
Para ter um relacionamento sério, disse Michael, ele queria uma
mulher como Jamie, que sabia estabelecer prioridades. Ela ficou
satisfeita com o elogio, mas se perguntou como ele podia saber
quais eram as prioridades dela. Michael disse que chegara a hora
de ter um cachorro, um carro em que coubesse toda a família e
uma esposa – “não necessariamente nessa ordem”.
“Ao se despedir, Michael me convidou para ir à praia no
domingo. Ele foi gentil o dia inteiro. Cercou-me de cuidados e
me levou para almoçar em um pequeno restaurante à beira-mar.
Foi tão atencioso que cheguei a ficar sem graça. Brincava com o
meu cabelo, beijava meu pescoço e com isso me senti completamente
irresistível”, lembra.
Quando ele a deixou em casa, pediu para passar a noite com ela,
mas Jamie não concordou. Ela ainda não acreditava que ele estivesse
tão interessado quanto dizia. Achava que não fazia o tipo dele.
Michael teve de se ausentar da cidade naquela semana, porém
telefonou todos os dias e conversaram por horas. Na sexta, dormiu
na casa de Jamie e lá permaneceu até o domingo de manhã.
“Comecei a me interessar pelo Michael porque ele parecia
estar seriamente interessado em mim. Gostei do grau de intimidade
que estabelecemos, pois me deixou segura e confiante.
Acho que foi disso que mais senti falta quando tudo terminou.
Não fiquei tão arrebatada pelo sexo como Michael parecia estar,
mas nunca demonstrei isso, até porque ele vivia repetindo: ‘Você
é perfeita. Não consigo deixar de pensar em como somos perfeitos
juntos.’ Além disso, eu estava me apaixonando e imaginei
que quando meu corpo e minhas emoções entrassem em sintonia
tudo se encaixaria. Acho que ele me contou tudo sobre sua vida.
Quando o relacionamento acabou, eu sabia mais e me lembrava
de mais coisas sobre a vida dele do que ele próprio. Depois que
Michael foi embora naquele domingo à noite, pensei que seria o
começo de algo sério.
Em vez de ligar todas as noites como tinha feito na semana
anterior, ele telefonou todos os dias para o meu trabalho. Uma
mudança sutil à qual não prestei muita atenção. Disse que não
poderia me ver durante a semana – tinha negócios a tratar, compromissos
e um milhão de coisas a fazer –, mas quando apareceu
na sexta-feira, nos jogamos na cama, comemos comida chinesa e
falamos bobagens. No sábado à noite, enquanto assistíamos a um
filme na televisão, Michael me olhou e disse, sério: ‘Estou me
apaixonando por você.’ Quando fomos dormir, ele declarou: ‘Eu
amo você’, dissipando as reservas que eu ainda tinha. Naquele
momento eu me senti uma felizarda por ser tão amada e desejei
intensamente construir minha vida com ele e fazê-lo feliz. Acho
que fui ingênua, mas para mim amor combina com casamento.
Eu fazia planos para o futuro, sem imaginar que o relacionamento
já estava indo ladeira abaixo.
Então, no domingo de manhã, ele se levantou e disse que precisava
ir embora porque as pessoas com quem dividia o apartamento
iam receber visitas e ele tinha de estar lá. Não entendi por
que não me convidou, mas não queria ser exigente nem chata, pois
desejava um relacionamento baseado em respeito e confiança
mútuos. Mas, para dizer a verdade, me senti mal com aquilo. É
impressionante. Namoramos durante cinco meses e eu nunca
conheci as pessoas que moravam com ele.”
A partir daí, Michael estabeleceu um padrão que continuaria
pelos meses seguintes. Todos os dias telefonava para Jamie do
trabalho e combinava encontros no fim de semana. Quando
chegava sexta-feira à noite, os dois passavam praticamente o
tempo todo em casa, fazendo amor. Às vezes saíam para jantar ou
iam ao cinema, mas a maior parte do tempo ficavam em casa.
“Michael vivia dizendo que estava exausto por causa do trabalho
e que eu era o refúgio dele – a única pessoa com quem ele
queria estar”, conta Jamie. “Além disso, o sexo era sensacional.
Eu confiava na intimidade do sexo e na amizade. Ele repetia que
eu o fazia muito feliz. Eu era perfeita. Nós éramos perfeitos e
íntimos.”
Durante aquele período, Jamie só conheceu alguns dos amigos
de Michael, com quem saiu rapidamente para um drinque.
Em uma sexta-feira, a mãe dele, que morava em Connecticut, foi
a Nova York e Michael saiu para jantar com ela. Jamie achou que
devia ter sido convidada, mas ele disse que seus pais eram complicados
e que precisava prepará-los. Logo veio o feriado de Ação
de Graças e Jamie ficou na expectativa de que ele a convidasse
para o tradicional jantar com os pais, mas ele acabou indo sozinho
e disse que ligaria ao retornar, numa segunda-feira.
Michael só telefonou na quarta-feira, quando convidou Jamie
para tomar um café com ele. Ele foi até o apartamento dela, não
contou nada sobre o feriado e os dois acabaram na cama. Michael
disse que precisava voltar para dormir em casa porque não tinha
outra muda de roupa. Na porta, falou: “Eu amo você.” Na sexta-
-feira Michael não ligou para combinar os planos do fim de
semana, como sempre fazia. E Jamie começou a perceber que o
namoro tinha chegado ao fim. “Mas não conseguia aceitar isso,
porque, afinal, tínhamos ido para a cama na quarta-feira. Sei que
isso vai parecer idiota, mas achei que podia ter sofrido um acidente
ou algo assim. Por volta das 22h, não aguentei e deixei uma
mensagem em sua secretária eletrônica. Ele só retornou a ligação
no sábado. Disse que sabia que devia ter me procurado, mas estivera
muito ocupado e, agora, precisava voltar a Connecticut por-
que seus pais o haviam obrigado a ir a uma festa. Precisei me
conter para não me convidar para ir junto.” No domingo, Michael
foi à casa de Jamie e os dois fizeram amor. Ela acabou encontrando
no bolso do casaco dele um ingresso de um teatro em
Nova York, com a data da noite anterior. Foi assim que descobriu
que Michael tinha mentido para ela.
A partir desse dia, Michael estabeleceu um novo padrão deixando
de ligar diariamente.
“Sempre que ele ia à minha casa, eu me esforçava ao máximo
para preparar comidas deliciosas e estar bonita. Não sabia mais
o que fazer para que tudo voltasse a ser como antes. O Natal
estava chegando e pressionei Michael para saber se ficaríamos
juntos. Ele não me prometeu nada. Disse que não sabia exatamente
o que queria e que precisava de um tempo para pensar nas
‘coisas’. Perguntei se ele estava saindo com alguém. Ele negou,
mas não acreditei.”
Finalmente, na semana anterior ao Natal, quando os dois se
encontraram por insistência de Jamie, Michael disse que para ele
era “estranho lidar com pessoas do meio artístico” e que precisava
se afastar um pouco da intensidade dela.
Ao receber um telefonema de Michael para lhe desejar feliz
Natal, Jamie se descontrolou e gritou com ele. Michael disse que
não conseguiria falar com ela naquele estado e Jamie se sentiu
culpada. “Mesmo sabendo que eu estava com a razão, achei que
não tinha sido suficientemente compreensiva e que, de fato,
estava sendo intensa demais, o que lhe daria motivo para me
rejeitar. Queria ligar de novo, mas fiquei com medo de que ele
desligasse na minha cara. Foi isso. O namoro chegou ao fim.”
Jamie me contou que sofreu muito com esse relacionamento.
Ficou num estado obsessivo, com os pensamentos em torvelinho.
Não conseguia aceitar o fato de que “seu” Michael, aquele que
tinha declarado tanto amor por ela, pudesse tê-la tratado daquela
maneira. Então culpou os amigos dele, a infância e o relacionamento
dele com os pais. Mas, sobretudo, ela
se culpou. Se sabia
que Michael tinha dificuldade para confiar nas pessoas, não devia
tarde demais. A cabeça de Jamie era um tumulto de emoções.
Talvez ele nunca tivesse gostado dela. Talvez ela não o atraísse.
Ou talvez ele só quisesse transar com ela. Nada fazia sentido para
Jamie, e ela se sentia arrasada. Onde será que ela errara? Seria
possível corrigir o erro para tê-lo de volta? Mas era isso que ela
desejava?..............
Fonte : http://www.esextante.com.br/publique/media/PqMedoDeCompromisso%20Cap1.pdf